domingo, 27 de fevereiro de 2011

Reportagem Sic "XI ROTA DO CONTRABANDO/RUTA DEL CONTRABANDO".

No dia 20 de Março de 2010 realizou-se a XI Rota do Contrabando, entre Montalvão e Cedillo.

No próximo dia 26 de Março, irá realizar-se 7º edição deste passeio pedestre, pela antiga Rota do Contrabando, entre Montalvão e Cedillo.

Outros livros

Outros livros acerca deste tema:

"Contrabando, delito mas não pecado" Manuel Leal Freire

"Hacienda, comercio y contrabando en la frontera de Portugal" Miguel Ángel Melón

"Jornadas do Contrabando" Sabugal +

"Contrabando na Fronteira Luso-Espanhola - Práticas, Memórias E Patrimónios" Dulce Freire, Inês Fonseca, Eduarda Rovisco
 

Maria Mim

"Maria Mim é um romance de denúncia e de revolta, face à perseguição que o Estado exercia sobre os contrabandistas quadrazenhos, que não eram ladrões nem fascínoras, como os pintavam as autoridades, mas antes pessoas honradas e virtuosas.

O livro fala da boa gente, de costumes sãos e inatacável honestidade, que povoa a freguesia. Apaixonado pelo contrabando, por viver junto à raia, a um passo de Espanha, e por ter de sustentar a família, o quadrazenho fazia-se à noite, de carrego às costas, enfrentando sem medo as armas de guardas-fiscais e carabineiros. Por exercer negócio ilícito era perseguido pelas autoridades e olhado com desconfiança por povos de outros lugares, o que o obrigou a criar uma linguagem própria, a gíria quadrazenha, para assim iludir quem o espiava e lhe ouvia as conversas.
O romance inicia-se tendo por pano de fundo o cordão sanitário formado pelos militares na raia sabugalense para evitarem que a cólera chegasse a Portugal e começasse a ceifar vidas. O ridículo e ineficaz dispositivo influiu na vida dos contrabandistas que tiveram de contornar mais um obstáculo para comerciarem com os povos do outro lado da fronteira. É aqui que aparece a quadrazenha Maria Mim, de «cabelos de seara madura e o rosto da cor do trigo, quando sai corado do forno», que, qual deusa Ceres, encanta o alferes Júlio Marinho, que chefiava um sector do dispositivo militar. Dali nasceu uma paixão mútua, sempre comedida pela solidez de princípios da quadrazenha, que já tinha um «conversado» ao qual quis ser fiel, e pela honradez do militar que respeitava os valores daquela gente boa e honesta.
No desenrolar do enredo aborda-se a forma de vida em Quadrazais e demais terras raianas, descrevem-se as ricas paisagens e a beleza dos monumentos do Sabugal, conta-se a lenda da Rosa da Montanha, expõe-se a organização da tradicional capeia arraiana. O romance culmina na concorrida romagem à Senhora da Póvoa, em Vale de Lobo, no sopé da Serra da Opa, onde os raianos afluíam em peregrinação.
Nuno de Montemor, pseudónimo do padre Joaquim Álvares de Almeida, não tinha uma pinga de sangue quadrazenho. Nasceu na aldeia porque os pais, oriundos de Pêga, aí haviam instalado uma fábrica de sabão. Saiu mesmo de Quadrazais ainda criança, afastando-se da terra de nascimento. Mas nunca esqueceu, nas suas próprias palavras, o dizer de sua mãe: «se um dia fores homem, lembra-te sempre da terra onde nasceste, porque não há gente boa como a de Quadrazais…». Os anos correram, o então menino fez-se homem e cumpriu o desejo da mãe escrevendo o livro Maria Mim, dedicado à gente boa, mas incompreendida, da terra onde nasceu."
Retirado de http://capeiaarraiana.wordpress.com/2007/09/27/%C2%ABmaria-mim%C2%BB-de-nuno-de-montemor/


Opiniões sobre este livro

"Nuno de Montemor focou, artisticamente, em Maria Mim um pedaço de terra lusitana, da velha e portuguesíssima comarca de Riba-Côa, mostrando, neste livro, belezas naturais e rústicas que tantos portugueses desconheciam.
Ás figuras do romance não lhes ocultou vícios nem afeiçoou virtudes. Nem na figura de Maria Mim houve invenção (...)"
                                                                                           Joaquim Dinis da Fonseca

"No livro Maria Mim segui com emoção e particular interesse o drama dessas figuras fronteiriças, que, por vezes, chegam ao meu consulado de Sevilha, através das malhas oficiais."
                                                                                              António de Cértima

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Carregos - Contrabando na Raia Central


O livro «Carregos – contrabando na raia central» da autoria de António Cabanas acrescenta estórias e relatos de contrabandistas e guardas contados na primeira pessoa à história das terras raianas.
A história das gentes e das terras raianas tem mais um capítulo. O livro «Carregos – contrabando na raia central» recorre à memória de velhos contrabandistas e guardas-fiscais que relatam na primeira pessoa as aventuras de que foram protagonistas no jogo do contrabando que servia de alimento a uns e outros.Para o autor, António Cabanas, «a Serra da Malcata ficará para sempre ligada ao contrabando e os seus inúmeros recantos guardarão religiosamente os segredos e cumplicidade de fiscais e contrabandistas».É um livro pleno de vida e de vidas que aconselhamos a todos os raianos porque nos ajuda a entender melhor a nossa identidade e as nossas origens.
Aqui vos deixamos alguns nomes citados no livro e uma passagem do quadrazenho Ti Zé da Horta que relata um dos maiores feitos dos contrabandistas: roubar o carrego ao guarda que lho tinha tirado.«Já estávamos todos na taberna a comer e a beber, entrou o guarda que me tinha tirado o carego. Diz ele: Qual foi o homem a quem tirei o carrego e que mo tirou outra vez? Eles estavam todos calados e eu também. Mas havia lá um, já c’os copos, Foi este! Eu fiquei cheio de medo. O fulano disse, Ande cá, e eu pensei logo que me ia levar para o posto. Depois disse para o taberneiro, Deite aí meio quartilho a este homem! E eu bebi-o.»Os testemunhos são muitos e variados: guarda Loureiro (Aranhas), cabo Adérito (Penamacor), Rui Alziro (Fóios), Xico Balau (Soito), Ti Morão Filho (Quadrazais), João Rato (Soito), Ti Salomão (Penha Garcia), guarda Peres (Meimão), cabo Álvaro Fernandes (Sabugal), guarda Ferrão (Penamacor), D. Mariazinha (Quadrazais), Manuel Galinhas (Meimoa), Ti Carlos Felício (Malcata), Ti Zé da Horta (Quadrazais), José Morão (Quadrazais), guarda Lousada (Aldeia do Bispo), Ti Giló (Fóios), Tó da Boina (Vale de Espinho), José Mege (Soito), Lito (Soito), Ti Passaró (Fóios), prof. Xico Zé (Fóios), Amândio (Aldeia do Bispo), João Lérias (Vale de Espinho), Ti Gerónimo (Fóios) e Ti João Casinha (Quadrazais)

António Cabanas , o autor nasceu na Meimoa, concelho de Penamacor, em 1961, no seio de uma família rural. Foi vigilante da natureza, técnico superior e director na Reserva Natural da Serra da Malcata. Actualmente é vice-presidente da Câmara Municipal de Penamacor.A publicação do escrito contou com o apoio das Câmaras Municipais do Sabugal, Penamacor, Almeida, Belmonte, Fundão, Guarda, Idanha-a-Nova, Governo Civil de Castelo Branco e
Região de Turismo da Serra da Estrela.

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O nosso grupo já tentou entrar em contacto mais que uma vez com o autor , Manuel Cabanas mas sem sucesso . Continuaremos a esforçar-nos para conseguir conversar com o mesmo e fazer uma possível entrevista , adquirindo igualmente o livro .