domingo, 30 de janeiro de 2011

Resultados dos Inquéritos

Ainda no primeiro período o nosso grupo elaborou e distribuiu inquéritos pelo ambiente escolar , nomeadamente pelos alunos do secundário ( 10º . 11º e 12º ) , de modo a conseguirmos construir uma base de informação válida , que nos veio a servir de ajuda para melhorar-mos o nosso plano de actividades a realizar ao longo do ano , consoante aquilo que achamos que vale a pena fazer de acordo com as "necessidades" do público alvo.

O nosso inquérito era composto por 3 perguntas :

 - Sabes o que é o Contrabando ?
 - Tens conhecimento de alguém que  tenha feito contrabando no passado ?
 - Conheces alguns dos produtos que costumavam ser contrabandeados ?


Depois de distribuídos e posteriormente recolhidos , os dados foram analisados pelos membros do grupo e eis os resultados que obtivemos ( no geral do secundário ) :

Sabes o que é o Contrabando ?

Sim - 85 % - 125 Alunos
Não - 25 % - 22 Alunos


Tens conhecimento de alguém que tenha feito contrabando no passado ?

Sim - 65 % - 95 Alunos
Não - 35 % - 52 Alunos

Conheces alguns dos produtos que costumavam ser contrabandeados ?

Sim - 78 % - 115 Alunos
Não - 22 % - 32 Alunos

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Vocabulários dos Contrabandistas

Em todas as profissões existe uma chamada linguagem técnica. Os contrabandistas, no seu tipo de trabalho, também utilizavam palavras ou expressões diferentes das utilizadas no dia a dia. Por esse motivo decidimos fazer uma recolha dessas palavras ou expressões junto daqueles que as utilizavam.


Andar ao jornal- andar a trabalhar para;
Jornaleiros- empregados no contrabando;
Jorna- dia; trabalhar á jorna, trabalhar de dia;
Macutos- carregos, contrabando levado ás costas;
Passear- passar o carrego, contrabandear;
Brunias- andar de gatas;
Saltaram-me- aparecer de imprevisto;saltaram os Guardas, apareceram os Guardas;
Andar para- trabalhar para;
Navegar- fazer contrabando;
Micheiros- isqueiros;
Denunche- denuncia;
Veredas- Caminhos ou lugares na Serra por onde os Contrabandistas passavam quando iam levar o contrabando a Espanha ou o traziam para Portugal.


Génese e Significado do Contrabando

Afastadas dos centros urbanos, as povoações raianas, do concelho do Sabugal, viviam centradas nas povoaçoes espanholas mais próximas, que possuíam condições de vida um pouco mais favoráveis.
Todos os dias portugueses iam a Espanha, e espanhóis vinham a Portugal. O grande problema destas visitas ao território estrangeiro, eram os carabineiros e os guarda-fiscais.
As relações comerciais entre os povos transfronteiriços, eram uma realidade e o comercio reciproco exercido pelos contrabandistas entre as aldeias, razoavelmente próximas da fronteira.
Desde sempre as populaçoes portuguesas e Espanholas conviveram e realizaram negocios, lucrativos para ambos, motivando assim o maior numero de realçoes entre os povos de um lado e outro da Raia.

Aldeia da Ribeira, Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Batocas, Alfaiates, Forcalhos, Soito, Lageosa da Raia, Fóios, Vale de Espinho, Malcata e Quadrazais mantinham relações comerciais,  com Allmedilla, Albergaria, Casillas de Flores, Navas Frias, Valverde del Fresno e San Martin de Trevejo.

Para a lei portuguesa, o contrabando é considerado crime e será «toda a acção ou omissão fraudulenta que tenha por fim fazer entrar no país ou sair dele quaisquer mercadorias sem passarem pelas alfandegas.»
No Dicionário Da Línguas Portuguesa, os contrabandistas sao considerados «gente de má nota» e o acto de contrabandear é considerado «um acto reprovavel, praticado ocultamente».

No entanto, para os contrabandistas raianos, este tipo de vida representava uma questão de sobrevivência familiar e de reprodução social. Nas aldeias da raia esta actividade era aceite e tolerada, sendo mesmo considerada honesta, enaltecida e revestida de heroísmo.

O contrabando feito na raia, salvo algumas excepções, não era um contrabando organizado, muito lucrativo, tal qual uma verdadeira industria, mas sim um contrabando de subsistência.
Este tipo de contrabando era pouco rentável face aos riscos que envolvia, era um recurso alternativo aos poucos proventos da agricultura. Este realizava-se sobretudo devido à necessidade de angariar meios de subsistência, para a família, habitualmente numerosa, já que numa noite, caso tudo corresse bem, podiam ganhar o dinheiro de uma semana ou de um mês.